A Ilusão do “Eu Mereço” e Como Isso Te Sabota

Chapéu de praia com a seguinte frase: Eu mereço, na areia da praia. para ilustrar como essa ideai do eu mereço te sabota Às vezes

Vivemos em uma sociedade que estimula constantemente o consumo como recompensa. Trabalhou muito hoje? Você merece um mimo. Teve uma semana difícil? Que tal uma comprinha para se sentir melhor? Essas mensagens estão por toda parte — nas redes sociais, nas propagandas, nas conversas entre amigos. E, sem perceber, começamos a alimentar uma ideia que pode parecer inofensiva, mas que carrega um grande risco: a ilusão do “eu mereço” que te sabota.

Essa mentalidade nos convida a agir por impulso, buscando pequenas (ou grandes) gratificações imediatas como forma de compensar o estresse, a frustração ou o cansaço. E o problema não está no prazer em si, mas na frequência e na forma como justificamos comportamentos que, no fundo, vão contra aquilo que realmente queremos construir para o nosso futuro.


A armadilha da recompensa emocional

Imagine alguém que está tentando economizar para sair das dívidas ou realizar um sonho, como uma viagem ou a compra de um imóvel. Essa pessoa monta um planejamento financeiro, corta gastos e começa a mudar hábitos. Tudo vai bem até que surge um pensamento: “Trabalhei tanto essa semana… eu mereço pedir aquele delivery mais caro” ou “Fiquei o mês todo sem comprar nada, acho que mereço uma roupa nova”.

Esse “merecimento” momentâneo pode parecer justo, mas, quando se repete com frequência, mina completamente os objetivos maiores. A cada gasto impulsivo, o progresso é adiado. A motivação inicial dá lugar à frustração, e a pessoa entra num ciclo vicioso: trabalha mais para tentar compensar, se estressa, busca mais recompensas, e assim por diante.


O “eu mereço” como sabotador silencioso

O perigo do “eu mereço” é que ele soa como autocuidado — e às vezes realmente pode ser. Mas muitas vezes ele serve como desculpa emocional para ações que nos afastam dos nossos valores e metas. É um sabotador disfarçado de carinho próprio.

Afinal, será que autocuidado é realmente gastar dinheiro que você não tem? Ou será que é cuidar da sua saúde emocional e financeira com responsabilidade e consciência? A resposta, no fundo, todos nós sabemos. Mas é difícil reconhecê-la quando estamos no automático.


De onde vem esse sentimento?

Essa ideia de recompensa imediata está ligada à cultura do consumo, mas também a carências emocionais. Muitas vezes, buscamos nas compras ou nos prazeres rápidos uma forma de preencher vazios: a falta de reconhecimento, o estresse diário, a insatisfação com o trabalho ou com o corpo, por exemplo.

O problema é que essas “recompensas” não resolvem o que está por trás. Pelo contrário: podem criar culpa, endividamento e uma sensação ainda maior de vazio. No final, além de não ter resolvido o problema emocional, a pessoa ainda compromete seus objetivos de longo prazo.


Como escapar dessa armadilha

  1. Torne-se consciente dos seus gatilhos
    Repare quando o pensamento “eu mereço” surge. Está ligado ao cansaço? À frustração? Ao tédio? Só de identificar o que está por trás já é um grande passo.

  2. Diferencie recompensa de sabotagem
    Se recompensar faz parte da vida, sim. Mas há formas saudáveis de fazer isso: descansar, sair para caminhar, conversar com alguém querido, assistir a um filme… Nem tudo precisa envolver dinheiro ou excesso.

  3. Tenha clareza dos seus objetivos maiores
    Quando temos metas bem definidas, é mais fácil dizer “não” ao prazer imediato. Pense no que você quer construir: uma reserva de emergência, liberdade financeira, uma vida mais leve. Isso ajuda a manter o foco.

  4. Crie recompensas planejadas
    Que tal definir pequenos prêmios dentro do seu planejamento? Por exemplo: “Se eu economizar X esse mês, me permito um jantar especial no fim do mês.” Assim, você evita o impulso e ainda mantém a disciplina.


Você merece mais

Sim, você merece ser feliz. Mas não de forma impulsiva ou destrutiva. Você merece paz, equilíbrio, liberdade e a realização dos seus sonhos. E isso exige escolhas conscientes, disciplina e autoconhecimento.

A próxima vez que o “eu mereço” aparecer, pergunte-se: “Isso me aproxima ou me afasta da vida que eu quero?” A resposta pode transformar o seu caminho.


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